domingo, 20 de abril de 2014

Eje Temático Estética y Política

Imagens da biopolítica - a palavra definiva.

André Queiroz (Universidade Federal Fluminense - UFF) 


Trata-se de pensar a situação-limite na que escritura e vida se imbricam. Mais especificamente, a obra de Rodolfo Walsh, periodista, escritor e militante da organização guerrilheira Montoneros, assassinado pelas forças repressoras de Estado no ano de 1977. Questões que perpassam o trabalho no seu ensejo crítico: O que pode a palavra? Quais as relações implicadas no papel sócio-político do escritor/intelectual? O quê/para quê/para quem a escritura - o exercício contínuo do ofício de escrever? Fundamental é-nos a descrição dos tempos a que estava Rodolfo Walsh situado - os anos 60 e 70 da Argentina, e mais amplamente, os contornos da guerra fria, e da experiência reverberante da Revolução Cubana, e a recorrência dos golpes de Estado na Argentina com a ordenação de um modo de governo fascista de combate aos direitos civis e aos movimentos populares. Sobretudo, o rechaço das conquistas dos trabalhadores resultantes, entre outros, da proscrição do primeiro peronismo (o dos anos 50). Rodolfo Walsh, periodista, escritor, ensaísta, buscou em sua palavra este ponto justo entre escritura e vida - encenando desde si e por si o cruzamento entre cultura e política. Em Walsh, podemos perceber a imbricação da tarefa urgente da militância atravessando os modos de sua escritura. A procura da palavra-justa, a implicação do trabalho da escritura no campo da ação política faz com que possamos indicar em Walsh o que de si afirmara o poeta e militante Francisco Paco Urondo: 'Empuñé un arma porque busco la palabra justa". Este trabalho se inscreve no percurso de nossa pesquisa pós doutoral que envolve a reflexão crítica sobre, ainda, dois outros escritores argentinos: Francisco Urondo e Haroldo Conti. Nossa intenção é tecer a cartografia do período histórico assim como o rebatimento desta nas formas de resistência empreendidas desde o ofício do escrever, o trabalho da escritura. 

 Breve Currículo: André Queiroz é Escritor e ensaísta. Filósofo. Mestre em Filosofia. Doutor em Psicologia Clínica. Pós doutorando em História e Teoria Literária na Unicamp. Professor Associado III no Instituto de Artes e Comunicação Social (UFF). Autor, dentre outros, dos livros: 1)Foucault - o paradoxo das passagens (1999); 2) Tela atravessada - ensaios sobre cinema e filosofia (2001); 3) Em direção a Ingmar Bergman (2007); 4)O Presente, o intolerável - Foucault e a história do presente (2004;2011); 5) Palavra Imagem - filosofia cinema literatura (2011); 6) Imagens da biopolítica I - cartografias do horror (2011); 7) A Coragem da Verdade - conversas com Ney Ferraz Paiva (2013). 8) As Urgências do agora. Escritos de junho (2014) Organizou, entre outros, os seguintes livros: 1) Foucault hoje? (2007); 2) Barthes e Blanchot: um encontro possível? (2007); 3) Apenas Blanchot! (2008); 4) Foucault e a loucura (2014).
Áudio-Visual: 1) Coordenador Geral, pesquisador e roteirista da Série Foucault Loucura Desrazão (em 12 capítulos). Direção: Eryk Rocha. 2013. 2) Co-diretor e roteirista do Documentário O Povo Que Falta – sobre os modos da violência estrutural e histórica do Estado de Exceção na América Latina, assim como os processos históricos da violência insurrecional no âmbito de cinco países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru. (trabalho em fase de construção).

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